Fundos de pensão fechados lutam contra decadência
Instituições são vistas como importantes financiadoras dos grandes projetos de infraestrutura para sustentar economia
Eles têm poder e dinheiro, mas os
fundos de pensão, setor cuja especialidade é se preparar para o longuíssimo
prazo, parecem não estar otimistas quanto ao seu próprio destino no Brasil.
O segmento ainda figura como um
dos principais motores do capitalismo no país. Com R$ 545 bilhões, sobretudo de
gigantes como Previ e Petros --dos funcionários do Banco do Brasil e da
Petrobras, respectivamente-- essas instituições são vistas como importantes
financiadoras dos grandes projetos de infraestrutura para sustentar uma economia
crescendo cerca de 4%.
Porém, após décadas de poucos
esforços para ampliar a base de associados, o setor está colhendo estagnação.
Atualmente são cerca de 3 milhões de participantes, menos do que em 2007. Seus
ativos sob gestão crescem apenas de forma vegetativa, há quase uma década
oscilando ao redor de 15% do PIB.
Enquanto isso, a jovem rival
previdência privada cresce à taxa de 20% anuais, tendo chegado a R$ 246 bilhões
em julho. Mantido o atual ritmo, a Fenaprevi, que representa os chamados fundos
abertos, geridos sobretudo por bancos, prevê superar os fundos tradicionais em
uma década.
"Temos que nos mexer", afirmou o
presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar (Abrapp), José de Souza Mendonça, cuja frase foi repetida várias
vezes no congresso anual da entidade, nesta semana.
Uma das travas para expansão da
previdência tradicional é a barreira de entrada, já o interessado depende de um
plano constituído por seu empregador para participar. Nos últimos quatro anos
apenas duas empresas, Toyota e Embraer, lançaram planos próprios.
Mas há também uma barreira
cultural. "Mesmo em empresas que oferecem planos de previdência, a adesão é
muito baixa", explica o diretor executivo de finanças da Metlife, Helio
Kinoshita. A Metline é dona da Multiprev, que administra fundos de várias
empresas patrocinadoras.
Na avaliação de especialistas,
parte da culpa é dos próprios fundos tradicionais, que se preocuparam somente em
defender os interesses de seus associados, deixando de lado tanto os esforços
para fazer novos sócios quanto os de inovação.
"De forma míope, olhamos para
dentro e não para fora", disse o presidente da J. Malucelli Previdência, Renato
Follador. "Temos que aprender com eles."
Planos flexíveis das modalidades
PGBL e VGBL têm sido os principais chamarizes dos bancos para conquistar
clientes desde o final da década dos anos 1990. Desde então, o número de
participantes superou 13 milhões.
Segundo estimativas de
profissionais do setor, hoje de cada quatro novos participantes de planos de
pensão no país, três entram pela previdência aberta.
Para a Abrapp, uma tábua de
salvação pode ser a expansão de segmentos como os fundos instituídos, que juntam
profissionais de uma mesma categoria --advogados ou dentistas, por exemplo-- ou
os multipatrocinados, em que um gestor pode administrar carteiras de várias
empresas, o que reduz custos.
Outra esperança é a aprovação do
Projeto de Lei 1992, que cria a Previdência Complementar do Servidor Público, um
fundo de previdência único para servidores do Executivo, do Legislativo e do
Judiciário.
O projeto prevê que a União
garantirá aposentadorias de até R$ 3,6 mil, o teto do sistema público com o do
INSS. Se o servidor quiser garantir pensão maior terá de contribuir com um fundo
complementar, chamado de Funpresp. O projeto enfrenta forte oposição de
sindicalistas e parlamentares no Congresso.
"Se o projeto for aprovado, poderá
surgir no Brasil o maior fundo de previdência da América Latina", disse o
ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves.
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