Caro Presidente Lula,
Agora não depende mais de ninguém. Está em suas mãos a possibilidade de referendar o reajuste de 7,72%, aprovado pelo Congresso Nacional para os benefícios de aposentados e pensionistas que recebem acima de um salário mínimo. São oito milhões de cidadãos brasileiros que aguardam com muita expectativa a confirmação deste reajuste que conquistaram com muita luta, em conjunto com suas entidades de classe.
O fato ganha importância maior por ser o primeiro aumento real de benefícios conseguido depois de muitos anos de reajustes insuficientes, que corroeram o poder de compra dos vencimentos ou, no máximo, repuseram a inflação acumulada no ano anterior.
No momento em que temos a primeira oportunidade de recuperar parcialmente o valor real das aposentadorias, alguns economistas, ministros e articulistas da imprensa vêm combater o reajuste argumentando que o orçamento da União não suporta este aumento. E o aconselham, caro Presidente Lula, a vetar o aumento votado pelos parlamentares.
Um mau conselho, senhor Presidente. A diferença entre o reajuste de 6,14% já concedidos em janeiro deste ano, e os 7,72% definidos pelo Congresso, representa um custo adicional de somente R$ 600 milhões por ano, segundo cálculos de especialistas em previdência. Se embolsado pelos oito milhões de aposentados, este valor será injetado na economia, na compra de alimentos, remédios e outros bens de consumo, dinamizando ainda mais a economia, o que tem se mostrado extremamente saudável para o Brasil.
Os mesmos que combatem o reajuste dos aposentados não levantaram sua voz contra os recentes aumentos das taxas básicas de juros pelo Banco Central. Este sim é um aumento de gastos que compromete as finanças públicas. O último aumento de 0,75% na taxa Selic consome mais R$ 13 bilhões por ano das finanças governamentais para rolar a dívida pública. É uma montanha de dinheiro que beneficia somente as 20 mil famílias mais ricas do Brasil, credoras dos títulos públicos através de suas aplicações em renda fixa.
Treze bilhões de reais para 20 mil famílias ricas é possível, mas seiscentos milhões para 8 milhões de famílias de aposentados não é, entendem aqueles que dão maus conselhos ao senhor, caro Presidente. Dinheiro graúdo para a elite milionária pode, mas aumentos de poucos reais para os aposentados que têm o orçamento curto não pode, dizem certos doutores em economia.
Por acreditarem na sua sensibilidade de quem passou por todas as dificuldades da vida, os aposentados e pensionistas brasileiros apelam para que o senhor sancione o reajuste aprovado pelos parlamentares e determine que o INSS pague, desde janeiro deste ano, a diferença entre os reajustes. Esta é uma simples questão de justiça para aqueles que, no governo anterior foram tão maltratados, a partir de 2003 conseguiram estancar suas perdas e, agora, querem recuperar um pouco do valor dos benefícios que lhes foi tomado.
Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão
Cláudia Muinhos Ricaldoni
Presidente
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