Os pequenos prazeres que preservam a mente ativa
Por Maria Fernanda Schardong
É possível tornar a mente mais ágil e forte à medida que o cérebro envelhece? Ou será que declínios cognitivos como as falhas de memória, o declínio de atenção e a baixa velocidade de processamento da informação são inevitáveis. No embate de idéias, há quem defenda que é possível repor e compensar as perdas decorrentes do envelhecimento. Na outra ponta, estão os especialistas que sugerem cautela nas expectativas. O consenso existe. Pelo menos num ponto as duas linhas concordam: é possível manter a saúde mental por um longo tempo.
Um bom exemplo de otimismo nas alturas é Elkhonon Goldberg, autor do livro O Paradoxo da Sabedoria e professor de Neurologia da Faculdade de Medicina de Nova Iorque, cujas idéias circulam mundo afora. Investigador na área da neurociência cognitiva, Goldberg defende que, apesar de certas perdas cognitivas, é possível manter a saúde mental, driblando os desafios que o envelhecimento traz. Segundo ele, estudos clínicos recentes apresentam uma nova abordagem em relação ao cérebro e seu funcionamento e revelam que a mente pode sim continuar ágil.
Para o neurologista e membro do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Charles Andre, o mais sensato é que haja um equilíbrio entre o a saúde do cérebro e suas perdas. “Com o passar do tempo, todas as partes do corpo vão sofrendo os efeitos da idade. Perdemos massa muscular, a visão fica pior, os reflexos diminuem, e com o cérebro não é diferente. Essas perdas fazem parte do processo natural de envelhecimento. Porém, um declínio cognitivo significativo como a demência, isso sim não é normal”, opina ele.
Atualmente, uma das doenças neurodegenerativas mais comuns entre a população idosa é o mal de Alzheimer. Segundo a Alzheimer’s Drug Discovery Foundation (ADDF), entidade pública de pesquisa sobre a doença, 18 milhões de casos têm sido relatados em todo o mundo hoje. Em 2025, o número de casos deverá quase dobrar, chegando a 34 milhões. Para o geriatra e fundador da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), Norton Sayeg, nem todo declínio é sinal da doença. Por isso, o diagnóstico correto é o primeiro e mais importante passo para o tratamento.
“Manter a saúde mental é manter o organismo livre de doenças, pois muitas delas alteram o desempenho intelectual do paciente, como a depressão, por exemplo. Um dos sintomas da depressão é a perda de memória, o que muitos acabam confundindo com o Alzheimer. Além disso, medicamentos calmantes conhecidos como hipnóticos, afetam diretamente a memória. Remédios para a pressão mal controlados e anemias também pode acarretar em perdas cognitivas. Ao diagnosticar o Alzheimer é preciso excluir uma série de possibilidades para se chegar numa resposta correta”, explica o geriatra.
Diante das controvésias, há pelo menos um consenso animador. É possível, sim, retardar os danos e manter a saúde mental. E a garantia é o cuidado que cada um terá ao longo da vida tanto com o corpo quanto em exercitar a mente.
“Qualquer coisa que seja interessante e prazeroso é sempre muito bom, principalmente para o cérebro. Se você gosta de idiomas, aprenda todas as línguas. Isso representará uma sanidade que você pode ir mantendo. Atividades sociais também são importantes, pois envolvem desafios cognitivos, como por exemplo, escolher uma roupa para se apresentar para o grupo, conversar sobre diversos temas com os amigos. Além disso, atividades físicas, em especial, as que ocorrem em grupo, fazem muito bem à mente”, finaliza o neurologista Charles Andre.
Fonte - maisde50
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