Fábio Campos19 Jun 2009 - 00h42min
Um ato secreto no setor público é um atentado à Constituição. O artigo 37 da Constituição do Brasil, determina de forma expressa, os princípios essenciais que devem nortear a atividade típica daqueles que exercem a função executiva. A saber: legalidade; impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Todos os princípios foram solenemente atropelados pelo Senado.
Em qualquer País com uma democracia um pouco mais avançada, os responsáveis perderiam seus empregos e seus mandatos. Em uma década, foram mais de 600 documentos sigilosos. Todos envolvendo causas sem nenhuma nobreza. Quase todos promovendo regalias e aberrações administrativas.
Coisa tipo nomeações, exonerações, pagamentos de horas extras, pagamentos de planos de saúde odontológicos e clínicos para familiares de ex-parlamentares. Inaceitável, mas o presidente Lula considera José Sarney, aquele que é o maior patrono dos atos secretos, inimputável. Um político acima dos homens comuns.
É PRECISO DESPRIVATIZAR O SENADO
Vamos a uma pequena lista do que é sabido e foi praticado diretamente pelo senador e ex-presidente da República, José Sarney: durante meses, o contribuinte forniu a sua conta bancária com R$ 3.800,00. Uma ótima bagalhoça por conta do auxílio-moradia. Nada demais se o grande representante do Amapá não tivesse uma casa particular em Brasília nas margens do lago Paranoá e uma mansão oficial que cabe ao presidente do Senado de plantão. Sarney disse que não sabia da bufunfa que caia mensalmente em sua conta. Não sabia? Esta foi uma aula muito bem aprendida com Lula. E a sua especialista em campanha eleitorais sempre à disposição das necessidades políticas da família? Chama-se Elga Mara Teixeira Lopes. Seu salário era pago pelo Senado, onde “exercia” cargo de diretora. Lembram-se dos seguranças do Senado que foram fazer serão em terras maranhenses? Pois é, Sarney representa o Amapá, mas é radicado no Maranhão.
O CONTRIBUINTE PAGA A PENSÃO DO NETO
Mais do mesmo: um grupo de amigos da senadora Roseana, filha do senador, foi convocado para um sublime final de semana em Brasília. Todos com passagens regiamente pegas pelo Senado. A mesma Roseana tem uma assessora de imprensa que é diretora do Senado.
Sabe-se que Fernando Sarney, irmão de Roseana, é um rico empresário, mas costumava viajar usando passagens públicas. Afinal, ninguém é de ferro. Fernando tem um filho. Portanto, neto de Sarney. O rapazola tem 22 anos, mas ganhou uma sinecura de R$ 7,6 mil ao mês no gabinete do senador maranhense Epitácio Cafeteira.
Por conta da lei que proibiu o nepotismo, o jovem perdeu a boquinha. Dá-se um jeito: emprega-se a mãe do moço, que não é casada com Fernando. Não faltam sobrenomes.
Uma sobrinha de Sarney exerceu cargo de confiança no Senado, mesmo que morasse em Campo Grande. Salário: R$ 4,6 mil. Ainda descobriram outra parente da família que tem um carguinho no Senado, mas mora em Barcelona.
Em tempo: a sequência acima se baseou no relato de casos feito pela cientista política Lúcia Hipólito.
É ASSIM QUE A COISA FUNCIONA
Lula passa mão na cabeça de José Sarney. Lula passa mão na cabeça de quem estiver ao seu lado. Não é só Lula. Todos os senadores também o fazem. Não são apenas os políticos.
Onde anda a União Nacional dos Estudantes? Ora, a Une é comandada pelo PCdoB, um sempre aliado de Sarney.
E a CUT, as centrais de trabalhadores, os sindicatos? Nada. Na era Lula, ocorreu nesse País a mais avassaladora onda de peleguismo de toda a sua história. O tal do movimento popular está sob o controle de uma multidão de sindicalistas encastelados em cargos públicos, ou encastelados no controle de instituições financeiras (públicas) e fundos de pensão.
Como disse o sociólogo Ricardo Antunes, “essa nova camada do governo Lula está a serviço da elite, mas com uma nuance diferente: não sairá como os banqueiros de Fernando Henrique, mas como conselheiros de estatais, de fundos de pensão, com salários de R$ 20 mil, R$ 30 mil.
Carros blindados, roupas e hábitos caros...”. Então, para que protestar contra Sarney se esse honorável senhor os apóia?
FONTE: O DIA /RJ
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