Um novo exame capaz de diagnosticar o Mal de Alzheimer muito antes do aparecimento de seus sintomas ganhou o prêmio de inovação em saúde no festival anual South by Southwest (SXSW), realizado até domingo em Austin, Texas (sul dos Estados Unidos). O teste, chamado de Neurotrack, foi premiado na categoria de tecnologias de saúde no concurso SXSW Accelerator na terça-feira (13/3), no encerramento do segmento de ciências interativas do festival.
“O Neurotrack pode detectar o Alzheimer por meio de um exame computadorizado de movimento ocular seis anos antes do aparecimento dos sintomas”, disse Elli Kaplan, presidente da companhia com sede em Richmond, Virgínia (leste), que assegura que o teste tem 100% de êxito. “Hoje em dia a única maneira de diagnosticar o Mal de Alzheimer é depois que todos os sintomas se apresentam”, disse Kaplan. “Mas até lá já terá ocorrido um dano irreparável”.
Esta tecnologia estará disponível inicialmente para laboratórios farmacêuticos, médicos e hospitais. Eventualmente, a Kaplan pretende desenvolvê-la em aplicativos para smartphones e tablets. O teste, desenvolvido em colaboração com a Universidade de Emory, em Atlanta, e por uma equipe de neurocientistas, está disponível em duas versões diferentes: uma que funciona com uma câmera de infravermelhos e outra com um simples mouse de computador.
No teste, o indivíduo estudado deve comparar imagens – algumas novas e outras já conhecidas – que aparecem brevemente em uma tela. “Ao estudar como as pessoas movem os olhos e como veem as imagens novas em comparação com as imagens conhecidas, é possível detectar as perturbações existentes no funcionamento do hipocampo”, a parte do cérebro que tem um papel central da memória, disse Kaplan. “Todos os seres humanos têm uma preferência instintiva pela novidade, e este é um dos elementos que examinamos”, acrescentou. O hipocampo também é o primeiro a ser afetado pelo Mal de Alzheimer, que acredita-se que atinja cerca de 5,1 milhões de pessoas nos Estados Unidos.
O projeto, lançado há 20 anos, foi testado em um amplo estudo da Universidade Emory medindo a evolução dos participantes – alguns dos quais desenvolveram a doença – durante um longo período, disse Kaplan.
O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde, uma agência do governo dos Estados Unidos. “Em 10 anos, nossa esperança é que exista uma pílula que possa ser tomada (para combater a doença de Alzheimer). Só seria necessário fazer um exame anual, e, caso ficasse comprovado que a pessoa poderia desenvolver Alzheimer, poderia ser feito algo a respeito”, concluiu a especialista, cujos dois avôs sofreram com a doença.
A intenção dos criadores do Neurotrack é comercializar uma versão para médicos que custaria entre 300 e 1.000 dólares. Quanto à versão para uso domiciliar, Kaplan disse: “De fato, estamos trabalhando nisso”. “Não estamos muito longe de uma tecnologia que funcione no telefone (celular) ou no tablet” do paciente, e que teriam seus resultados seriam enviados diretamente a um médico.
Fonte: Correio Braziliense
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