Posted: 21 Feb
2013 08:54 AM PST
Um teste simples e
barato para detectar a infecção pela bactéria causadora da hanseníase foi desenvolvido por
pesquisadores americanos e será fabricado por uma empresa brasileira, a
OrangeLife. O preço máximo, segundo um acordo firmado com a empresa, será de
US$ 1.
Muitos consideram a
hanseníase uma relíquia do passado, mas, a cada ano, 200 mil pessoas são
infectadas, segundo a Organização Mundial da Saúde. O Brasil é um dos países
mais afetados. Em 2010, foram detectados 34,9 mil novos casos da doença. Índia,
Filipinas, Indonésia e República Democrática do Congo também entram no rol dos
países com maior presença da infecção.
A doença tem cura,
então uma melhora do diagnóstico precoce pode significar que, um dia, a
hanseníase possa se juntar a outros males, como a poliomielite, que estão
próximos da erradicação.
MAIS FÁCIL
Os responsáveis
pelo novo teste afirmam que o resultado sai em menos de dez minutos. O método é
muito mais simples do que o atual, que requer uma incisão na pele e a análise
da bactéria ao microscópio. “Funciona como um teste de gravidez e requer só uma
gota de sangue”, afirmou Malcolm Duthie, líder do desenvolvimento do teste no
Instituto de Pesquisa de Doenças Infecciosas de Seattle, nos EUA. “Posso
ensinar qualquer um a usá-lo.”
A facilidade de uso
é importante, segundo os pesquisadores, porque nem todas os locais onde a
doença tem maior prevalência contam com profissionais treinados para realizar o
exame para detectar a bactéria ao microscópio ou com laboratórios. No novo
teste, basta inserir a gota de sangue em um recipiente com uma fita plástica.
Em seguida, são colocadas três gotas de uma solução. O resultado vem como o de
um teste de farmácia: duas linhas querem dizer um diagnóstico positivo.
O que é ainda mais
importante, segundo Duthie, é que espera-se que o teste detecte infecções até
um ano antes de os sintomas aparecerem. Quanto mais cedo começa o tratamento
com antibióticos, melhor é o resultado. A hanseníase é causada pela
Mycobacterium leprae, bactéria “aparentada” da causadora da tuberculose, mas
que se reproduz de forma muito mais lenta. Os sintomas podem levar mais de
cinco anos para aparecer.
“Estamos animados
com o resultado”, afirmou Bill Simmons, presidente das Missões Americanas de
Hanseníase, um grupo cristão que combate a doença desde 1906.
A bactéria só é transmitida após um contato próximo
e prolongado. O micro-organismo se espalha para as partes mais frias do corpo:
mãos, pés, bochechas e orelha. Os primeiros sinais visíveis são, em geral,
partes sem cor nem sensibilidade na pele. Muitas vezes, as lesões são
confundidas com as causadas por fungos ou com doenças como psoríase e lúpus.
O paciente pode
sofrer queimaduras e cortes frequentes, pela falta de sensibilidade. Os pés
desenvolvem feridas. Segundo Simmons, é aí que o doente acaba percebendo que o
problema é grave e procura atendimento. “Aí ele recebe a notícia ruim: ‘Sim,
você tem hanseníase e gostaríamos que você tivesse vindo aqui seis meses
atrás’.” Depois de seis meses, o dano nervoso pode ser permanente. Mesmo que o
paciente seja curado –o que envolve um tratamento com três tipos de antibiótico
por até 12 meses– ainda há o risco de desenvolver feridas.
À medida que a
bactéria atinge os nervos, os músculos atrofiam e os dedos podem ficar
curvados. Hoje, a maioria dos pacientes é curada antes desses danos, mas o
estigma da doença ainda resiste.
Fonte:
Folha de S. Paulo
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