14 Jan 2013 09:12 AM PST
Para um
número cada vez maior de cientistas, a protagonista desta reportagem merecia
ser eleita a molécula do século no que sito longevidade. Depois de provar seu
papel protetor aos ossos, ela acumula de tempos em tempos um novo potencial
preventivo ou até terapêutico. De doenças cardíacas a câncer, a impressão é que
boa parte dos males crônicos tem menos probabilidade de aparecer quando os
níveis da substância — que dentro do corpo trabalha como hormônio — estão em
alta. A história seria perfeita se todas as pessoas tomassem banhos diários de
sol, se abastecessem de salmão e sardinha e, acima de tudo, não houvesse
fatores capazes de atrapalhar a produção da vitamina pela pele.
A
realidade, porém, é diferente: estima- se que entre 30 e 50% da população
mundial apresente taxas inadequadas de vitamina D — fenômeno que não poupa um
país tropical como o Brasil. Essa defasagem tende a ser maior nas grandes
cidades, porque, dentro de casa, do escritório ou do carro, as pessoas acabam
fugindo do sol. Para atingir a cota, de 400 a 600 unidades internacionais, não
é necessário muito esforço. “Bastaria caminhar no parque permanecendo com
braços e pernas expostos ao sol, sem filtro solar, durante 15 minutos pela
manhã”, diz a nutricionista Lígia Martini, da Universidade de São Paulo.
Com o
avançar da idade, nossa pele perde a capacidade de sintetizar a substância a
contento. Daí, não adianta torrar sob o sol. O fato é que, se os níveis da
molécula no sangue ameaçam minguar, é recomendável estudar a possibilidade de
recorrer à suplementação, ou seja, às gotas da versão sintética da vitamina.
“Além de contribuir com a osteoporose, o déficit desse hormônio provoca dores
nos ossos e fraqueza”, avisa a reumatologista Vera Szejnfeld, da
Universidade Federal de São Paulo. Bem indicados, os suplementos exibem altos
índices de segurança. “As doses recomendadas não oferecem o risco de
intoxicação nem efeitos colaterais”, garante a professora.
Existem
grupos para os quais a suplementação é extremamente bem-vinda. Isso significa
que entre essa gente faz todo o sentido dosar a molécula no sangue e, se
necessário, adotar em seguida o conta-gotas. Encabeçam a lista as mulheres na
menopausa, alvos fáceis da osteoporose. Sozinho, o cálcio não faz milagre pelos
ossos: é a vitamina D que assegura sua absorção no intestino. Quem tem mais de
65 anos também deve investigar suas taxas. Além de o organismo perder a
competência para produzi-la, essa turma está mais ameaçada de fraturas. “E a
vitamina D ajuda inclusive a evitar a perda da massa muscular”, afirma a
nutricionista Camila Freitas, de São Paulo.
Todas as
pessoas privadas de saídas frequentes ao ar livre precisam ficar de olho na
concentração de vitamina D que corre em suas veias. “Devemos avaliar a
necessidade de suplementação em indivíduos doentes, acamados e naqueles que
apresentam sérias restrições para tomar sol”, afirma a endocrinologista
Victoria Borba, presidente do Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Faz parte desse grupo,
por exemplo, quem já teve um câncer na pele e, assim, é orientado a se esquivar
do astro rei.
Por falar
no tecido que reveste o corpo inteiro, sua tonalidade interfere na fabricação
da vitamina. A pele dos negros, por exemplo, pena para sintetizá-la, e, por
isso, eles costumam padecer mais facilmente com níveis insuficientes. “A
melanina, o pigmento da epiderme, funciona como uma barreira natural contra os
raios solares”, justifica Vera Szejnfeld. Nesse aspecto, essa proteção não é
100% benéfica.
A
obesidade é outro capítulo à parte quando rastreamos os estoques da prestigiada
molécula. A vitamina D é normalmente armazenada no fígado e nas células de
gordura — quando é requisitada, migra desse depósito para a circulação. “Só que
nos obesos ela acaba presa no tecido adiposo”, diz Vera. Resultado: falta
vitamina no sangue e, assim, não é de jogar fora a ideia de recorrer à
suplementação. Mesmo quem se submete a uma cirurgia bariátrica não escapa desse
déficit. “Como alguns desses procedimentos promovem um desvio no intestino, há
um comprometimento na absorção da substância”, avisa Victoria. E, aí, chamem as
gotinhas.
Terapia D
A vitamina também se destaca como uma patrocinadora do sistema imune. “As células de defesa usam esse hormônio, que ajuda a regular sua atividade”, explica o neurologista Cícero Galli Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo. Mais do que debandar infecções, nossa protagonista vem sendo explorada no contraataque às doenças autoimunes, como a artrite reumatoide — uma das hipóteses para a erupção desses distúrbios, aliás, é justamente a carência da molécula. “Na esclerose múltipla, que ataca o sistema nervoso, corrigir essa deficiência permite que muitos pacientes fiquem livres das manifestações do problema”, afirma Coimbra. As doses, nessas condições, costumam ser mais elevadas, é claro.
A vitamina também se destaca como uma patrocinadora do sistema imune. “As células de defesa usam esse hormônio, que ajuda a regular sua atividade”, explica o neurologista Cícero Galli Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo. Mais do que debandar infecções, nossa protagonista vem sendo explorada no contraataque às doenças autoimunes, como a artrite reumatoide — uma das hipóteses para a erupção desses distúrbios, aliás, é justamente a carência da molécula. “Na esclerose múltipla, que ataca o sistema nervoso, corrigir essa deficiência permite que muitos pacientes fiquem livres das manifestações do problema”, afirma Coimbra. As doses, nessas condições, costumam ser mais elevadas, é claro.
A
substância ainda é empregada contra a psoríase, doença crônica marcada por
lesões na pele. Mas, em vez do suplemento, o médico receita uma pomada à base
da vitamina. “Na psoríase, as células da pele estão desreguladas e se
multiplicam num ritmo acelerado, gerando as crostas”, explica a dermatologista
Letícia Secco, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “O creme permite que
essas células voltem a replicar em velocidade normal e os sintomas tendem a
zerar.” Seja dentro de uma loção, seja em forma de gotas; seja com as bênçãos
do sol, seja na degustação de um salmão: cada vez mais se reconhecem os méritos
da vitamina D — e quem ganha com essa fama somos nós.
O banho de
sol
O corpo fabrica vitamina D graças ao contato com os raios solares. O ideal é se expor diariamente em média 15 minutos entre as 10 e as 15 horas. Passe o filtro solar no rosto e deixe pernas e braços livres, já que o creme limita a absorção da luz. “No entanto, pessoas mais claras, que necessitam de proteção solar absoluta, obtêm a vitamina mais facilmente, se expondo menos de 15 minutos três vezes por semana”, diz o dermatologista Marcus Maia, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
O corpo fabrica vitamina D graças ao contato com os raios solares. O ideal é se expor diariamente em média 15 minutos entre as 10 e as 15 horas. Passe o filtro solar no rosto e deixe pernas e braços livres, já que o creme limita a absorção da luz. “No entanto, pessoas mais claras, que necessitam de proteção solar absoluta, obtêm a vitamina mais facilmente, se expondo menos de 15 minutos três vezes por semana”, diz o dermatologista Marcus Maia, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Parceira
do cálcio
Calcula-se que apenas 15% desse mineral vindo da alimentação é absorvido pelo intestino na ausência da vitamina D. É por isso que ela tem papel de destaque na prevenção e no controle da osteoporose, o mal dos ossos fracos. Não bastasse isso, estudos sugerem o seguinte: quem suplementa cálcio sem se abastecer de vitamina D corre mais risco de sofrer uma calcificação nas artérias, fenômeno que precede ataques cardíacos.
Calcula-se que apenas 15% desse mineral vindo da alimentação é absorvido pelo intestino na ausência da vitamina D. É por isso que ela tem papel de destaque na prevenção e no controle da osteoporose, o mal dos ossos fracos. Não bastasse isso, estudos sugerem o seguinte: quem suplementa cálcio sem se abastecer de vitamina D corre mais risco de sofrer uma calcificação nas artérias, fenômeno que precede ataques cardíacos.
O sol é a principal fonte de vitamina D, mas o cardápio pode reforçar essa cota. Para facilitar a vida, chegam agora ao mercado iogurtes e leites enriquecidos com a substância
Fonte:
Revista Saúde
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