Dorival
Leal, em seu livro “A revolução dos Velhinhos na Ilha do Saber”, relata a
ousadia de um grupo de idosos que indignados com sua situação de abandono pela
família e pela sociedade, resolve se organizar e fazer uma verdadeira revolução
social, transformando toda forma de organização na Ilha, por uma vida digna,
justa e solidária.
O
grupo da Ilha luta por seus direitos, acabando com todos os preconceitos, livre
dos rótulos “terceira idade”, “melhor idade”, “idade da razão” e “idade feliz”,
provando que mesmo na velhice todos ainda têm muito a viver e a contribuir com
a sociedade, cada um desenvolvendo sua habilidade na construção de uma nova
sociedade. Foi o que os velhinhos fizeram na Ilha.
Segundo
o autor, A Ilha de Cantalgo foi descoberta por exploradores e cientistas,
enquanto estudavam os efeitos na fauna marinha. Cantalgo emerge com o
derretimento das geleiras da Groenlândia.O difícil acesso e o desinteresse na
exploração econômica eram fatores favoráveis para o sistema povoar com idosos e
doentes. Na lógica capitalista, pessoas que não produzem e não consomem não
servem para nada, são inúteis e dão despesas, por isso, tem que excluir e
confinar em depósito, oferecendo somente o básico até chegar a morte.
O
nome Cantalgo não era conhecido pela pequena população de 1.200 pessoas.
Referiam-se a ela apenas como a “Comunidade”. Até que um dia apareceu por lá
uma figura estranha, um misto de monge com mendigo que andava pela ilha catando
jornais, livros, e tudo que havia pela frente que pudesse servir de leitura e
estudos. Todos os dias, no fim da tarde sentava-se em baixo de uma árvore na
praça central e ficava lendo até escurecer e depois se escondia em uma caverna.
Um
grupo de pessoas da comunidade, levados pela curiosidade foram ter uma conversa
com o estranho, que durante o diálogo faz o grupo refletir sobre o que é feito
de suas vidas? Que fizeram de seus planos de vida após suas aposentadorias?
Seus sonhos de paz, sossego, amparo da família, estabilidade financeira?
Carinho dos netos e bisnetos entre outras atitudes que tomam o dia a dia do
homem.
Depois
de muitos encontros com o estranho chamado Jeremias, o grupo vai se organizando
e ampliando o número de adeptos à causa revolucionária. Finalmente, chegou o
dia. O Comando das Operações Revolucionárias formado por cinco membros
liderados por Nair, mulher astuta e de fibra conta com a participação de 300
pessoas que juntas libertam a Comunidade do jugo de seus opressores. Para dar
os primeiros passos desta jornada, o grupo anuncia seu primeiro decreto, constituído
de apenas sete capítulos, dentre eles, extingui a expressão “Comunidade”,
criando a expressão “Ilha do Saber” e os habitantes da “Ilha do Saber” terão
restituída a sua dignidade como seres humanos (iguais a todos os outros).
Nair
diz: iniciamos hoje uma nova era, monta o plano “Gente Saudável” na Ilha do
Saber e novas gerações. Ordena o cadastramento de toda a população para saber
suas antigas profissões, suas habilidades, suas vocações e seus conhecimentos,
independente da idade e todo aquele que puder andar ou não, mas puder pensar,
terá uma ocupação na Ilha do Saber.
Faz-se
assim, uma nova era repleta de atitudes e ações que visam à produtividade de
todos, que sem exceção caminham lado a lado na Ilha do Saber.