Milhagem movimenta R$ 4 bi, mas brasileiro não sabe usar
por HELIO ALMEIDA
Só quatro em cada 10 consumidores com direito a resgatar pontos tiram proveito dos programas
Rio - A carioca Luciana Reis viajou para Salvador, na Bahia, sem precisar pagar passagem aérea. Ela está entre os 46% dos brasileiros que possuem cartão de crédito e usam programas de recompensa, que acumulam pontos que podem ser trocados por produtos e serviços. Um mercado que movimenta R$ 4 bilhões ao ano no país. Com a propagação desse sistema, especialistas orientam como melhor lançar mão dos cartões e dos benefícios.
“Viajei com minha mãe e duas irmãs, sem escala e em bom horário, sem ser de madrugada”, conta Luciana, 38 anos, que é analista de sistemas. “Sem precisar pagar passagem, a gente pode ficar em hotel melhor, ir a mais restaurantes, fazer mais passeios e com mais pessoas”, comemora.
Luciana conseguiu as quatro passagens com 20 mil pontos. A quantidade varia com o tipo de cartão. Em geral, os mais simples, para clientes com renda menor, dão um ponto a cada U$ 1 gasto (R$ 2,41) convertido em reais, de acordo com a cotação no dia da troca. Clientes com maior poder aquisitivo ganham mais de dois pontos a cada U$ 1 no cartão.
Para trocar por uma passagem aérea do Rio para Salvador no TAM Fidelidade, por exemplo, são necessários 7 mil pontos. Com o dólar a R$ 2,41, o cliente mais simples precisa gastar, em um ano por exemplo, R$16,8 mil para atingir a pontuação mínima. Já no caso do consumidor de renda maior o gasto deve ser de R$8,4 mil para ele chegar aos 7 mil pontos. Atualmente, uma passagem aérea do mesmo trajeto sai, em média, por R$ 650.
Também é possível encontrar programas de recompensa em supermercados, postos de combustível e em empresas como a Multiplus, que reúnem os pontos dos cartões. Na última sexta-feira, a companhia lançou o sistema em que o cliente pode resgatar passagens com a combinação de pontos e dinheiro, caso o acúmulo não seja suficiente para um determinado destino.
O recurso de reunir os pontos em um único sistema é usado pela analista Denise Leão, 52 anos. Ela conta que se cadastrou em diferentes programas e aproveita a pontuação para viajar de graça e conseguir descontos no cinema, teatro e em shows.
“Eu faço parte de todos os programas de recompensa que aparecem. Já viajei três vezes sem precisar pagar”, afirma Denise. “Quando atinjo 20 mil pontos, tenho que trocar por algum produto ou serviço. É preciso usar, senão perco os pontos”, explica.
Brasileiro tem pontos, mas não usa ou não sabe
Mesmo com as vantagens dos programas de recompensa, a maioria dos consumidores não resgata seus pontos. Dados do Banco Central relativos ao ano de 2010 mostram que, naquele ano, 101,3 bilhões de pontos foram perdidos por não serem reclamados. De acordo com o estudo da CVA Solutions, 41% dos usuários de cartão de crédito já tiveram pontos que expiraram. Para o diretor de Produtos do Smiles,André Fehlauer, o brasileiro ainda está se familiarizando com esse tipo de benefício.
“O número de adesões aos programas ainda é baixo, o acesso da população ao cartão está crescendo, enquanto no exterior é algo comum”, diz.
Por outro lado, 46% dos usuários já resgataram algum tipo de recompensa (65% em produtos diversos, 41% em passagens aéreas, 13% em minutos no celular, 10% em estadas em hotel e 12% em outros benefícios).
Para atrair mais usuários, o Smiles, por exemplo, oferece até a próxima terça-feira quatro mil pontos para quem se cadastrar no sistema de recompensa (smiles.com.br). “Com os pontos, é possível viajar para dentro e fora do país e adquirir produtos nas redes de varejo, como o Walmart”, afirma Fehlauer.
Com a propagação dos programas de recompensa, também aparecem consumidores insatisfeitos que não conseguiram trocar os pontos reunidos. A analista de sistema Denise Leão já tentou resgatar a pontuação em um site de compra coletiva, mas foi informada que não tinha pontos suficientes. “Não tinha um espaço para controlar os pontos que consegui”, reclama.
Segundo especialistas em Direito do Consumidor, falta comunicação mais clara entre usuários e programas. Em alguns casos, clientes reclamam de situações que já estavam previstas no regulamento de cada sistema. Por isso, em caso de dúvida, antes de emitir um bilhete pergunte e verifique as regras.
CONFIRA
PERFIL
Cada programa de recompensa tem um plano de acordo com o perfil do usuário. Maior o poder aquisitivo, mais pontos ganha a cada dólar gasto.
CADASTRO
Para se inscrever, é necessário fazer cadastro no site da empresa. Um número de inscrição do usuário é gerado. É preciso apresentar a inscrição toda vez que reservar um voo ou ao fazer o check-in, para que as milhas sejam computadas.
PONTUAÇÃO
Você pode se inscrever em mais de um programa, mas lembre-se: é preciso acumular pontuação suficiente para trocar por passagens em cada um.
CONCENTRAR
Muitos concentram os pontos em um único programa, para facilitar o controle das milhas, que podem ser acompanhadas no site da empresa. E também leva menos tempo para alcançar a quantidade de pontos necessários para resgatar os benefícios.
CONTRATO
É importante ler o contrato de adesão antes de ingressar no programa. Atente-se às condições de uso, se as milhas podem ser direcionadas para viagens em feriados ou finais de semana, assim como a validade.
CARTÃO
Quase todos os cartões de crédito oferecem como benefício a conversão de seus planos de relacionamento por milhas. Portanto, é possível ganhar pontos ao fazer compras ou pagar a fatura do próprio cartão. Alguns já convertem as compras diretamente, e as próprias companhias aéreas também oferecem cartões de crédito com suas marcas.
ACOMPANHAR
Verificar com frequência o extrato das milhas é outra maneira de ver quando elas expiram, ou seja, até quando podem ser usadas. Essa conferência também ajuda o consumidor a conferir se os pontos foram ou não creditados.
ANTECIPAÇÃO
Para economizar, a dica é se programar. Marque com antecedência a viagem e prefira usar as milhas em trajetos mais longos — os quais são, na maioria das vezes, mais caros. Busque também confirmar se o uso das milhas é permitido no destino desejado.
PROBLEMA
Em caso de erros na hora de resgatar os pontos ou outro problema, o consumidor deve primeiramente verificar se as milhas não perderam a validade. Se esse não for o problema e mesmo assim os pontos tenham sumido, o consumidor deve entrar em contato com a companhia aérea.Fonte: O Dia Online - 27/09/2014
Rio - A carioca Luciana Reis viajou para Salvador, na Bahia, sem precisar pagar passagem aérea. Ela está entre os 46% dos brasileiros que possuem cartão de crédito e usam programas de recompensa, que acumulam pontos que podem ser trocados por produtos e serviços. Um mercado que movimenta R$ 4 bilhões ao ano no país. Com a propagação desse sistema, especialistas orientam como melhor lançar mão dos cartões e dos benefícios.
“Viajei com minha mãe e duas irmãs, sem escala e em bom horário, sem ser de madrugada”, conta Luciana, 38 anos, que é analista de sistemas. “Sem precisar pagar passagem, a gente pode ficar em hotel melhor, ir a mais restaurantes, fazer mais passeios e com mais pessoas”, comemora.
Luciana conseguiu as quatro passagens com 20 mil pontos. A quantidade varia com o tipo de cartão. Em geral, os mais simples, para clientes com renda menor, dão um ponto a cada U$ 1 gasto (R$ 2,41) convertido em reais, de acordo com a cotação no dia da troca. Clientes com maior poder aquisitivo ganham mais de dois pontos a cada U$ 1 no cartão.
Para trocar por uma passagem aérea do Rio para Salvador no TAM Fidelidade, por exemplo, são necessários 7 mil pontos. Com o dólar a R$ 2,41, o cliente mais simples precisa gastar, em um ano por exemplo, R$16,8 mil para atingir a pontuação mínima. Já no caso do consumidor de renda maior o gasto deve ser de R$8,4 mil para ele chegar aos 7 mil pontos. Atualmente, uma passagem aérea do mesmo trajeto sai, em média, por R$ 650.
Também é possível encontrar programas de recompensa em supermercados, postos de combustível e em empresas como a Multiplus, que reúnem os pontos dos cartões. Na última sexta-feira, a companhia lançou o sistema em que o cliente pode resgatar passagens com a combinação de pontos e dinheiro, caso o acúmulo não seja suficiente para um determinado destino.
O recurso de reunir os pontos em um único sistema é usado pela analista Denise Leão, 52 anos. Ela conta que se cadastrou em diferentes programas e aproveita a pontuação para viajar de graça e conseguir descontos no cinema, teatro e em shows.
“Eu faço parte de todos os programas de recompensa que aparecem. Já viajei três vezes sem precisar pagar”, afirma Denise. “Quando atinjo 20 mil pontos, tenho que trocar por algum produto ou serviço. É preciso usar, senão perco os pontos”, explica.
Brasileiro tem pontos, mas não usa ou não sabe
Mesmo com as vantagens dos programas de recompensa, a maioria dos consumidores não resgata seus pontos. Dados do Banco Central relativos ao ano de 2010 mostram que, naquele ano, 101,3 bilhões de pontos foram perdidos por não serem reclamados. De acordo com o estudo da CVA Solutions, 41% dos usuários de cartão de crédito já tiveram pontos que expiraram. Para o diretor de Produtos do Smiles,André Fehlauer, o brasileiro ainda está se familiarizando com esse tipo de benefício.
“O número de adesões aos programas ainda é baixo, o acesso da população ao cartão está crescendo, enquanto no exterior é algo comum”, diz.
Por outro lado, 46% dos usuários já resgataram algum tipo de recompensa (65% em produtos diversos, 41% em passagens aéreas, 13% em minutos no celular, 10% em estadas em hotel e 12% em outros benefícios).
Para atrair mais usuários, o Smiles, por exemplo, oferece até a próxima terça-feira quatro mil pontos para quem se cadastrar no sistema de recompensa (smiles.com.br). “Com os pontos, é possível viajar para dentro e fora do país e adquirir produtos nas redes de varejo, como o Walmart”, afirma Fehlauer.
Com a propagação dos programas de recompensa, também aparecem consumidores insatisfeitos que não conseguiram trocar os pontos reunidos. A analista de sistema Denise Leão já tentou resgatar a pontuação em um site de compra coletiva, mas foi informada que não tinha pontos suficientes. “Não tinha um espaço para controlar os pontos que consegui”, reclama.
Segundo especialistas em Direito do Consumidor, falta comunicação mais clara entre usuários e programas. Em alguns casos, clientes reclamam de situações que já estavam previstas no regulamento de cada sistema. Por isso, em caso de dúvida, antes de emitir um bilhete pergunte e verifique as regras.
CONFIRA
PERFIL
Cada programa de recompensa tem um plano de acordo com o perfil do usuário. Maior o poder aquisitivo, mais pontos ganha a cada dólar gasto.
CADASTRO
Para se inscrever, é necessário fazer cadastro no site da empresa. Um número de inscrição do usuário é gerado. É preciso apresentar a inscrição toda vez que reservar um voo ou ao fazer o check-in, para que as milhas sejam computadas.
PONTUAÇÃO
Você pode se inscrever em mais de um programa, mas lembre-se: é preciso acumular pontuação suficiente para trocar por passagens em cada um.
CONCENTRAR
Muitos concentram os pontos em um único programa, para facilitar o controle das milhas, que podem ser acompanhadas no site da empresa. E também leva menos tempo para alcançar a quantidade de pontos necessários para resgatar os benefícios.
CONTRATO
É importante ler o contrato de adesão antes de ingressar no programa. Atente-se às condições de uso, se as milhas podem ser direcionadas para viagens em feriados ou finais de semana, assim como a validade.
CARTÃO
Quase todos os cartões de crédito oferecem como benefício a conversão de seus planos de relacionamento por milhas. Portanto, é possível ganhar pontos ao fazer compras ou pagar a fatura do próprio cartão. Alguns já convertem as compras diretamente, e as próprias companhias aéreas também oferecem cartões de crédito com suas marcas.
ACOMPANHAR
Verificar com frequência o extrato das milhas é outra maneira de ver quando elas expiram, ou seja, até quando podem ser usadas. Essa conferência também ajuda o consumidor a conferir se os pontos foram ou não creditados.
ANTECIPAÇÃO
Para economizar, a dica é se programar. Marque com antecedência a viagem e prefira usar as milhas em trajetos mais longos — os quais são, na maioria das vezes, mais caros. Busque também confirmar se o uso das milhas é permitido no destino desejado.
PROBLEMA
Em caso de erros na hora de resgatar os pontos ou outro problema, o consumidor deve primeiramente verificar se as milhas não perderam a validade. Se esse não for o problema e mesmo assim os pontos tenham sumido, o consumidor deve entrar em contato com a companhia aérea.Fonte: O Dia Online - 27/09/2014